10/04/2018

Raptado por um oficial inglês


É do conhecimento histórico que, por ocasião das Invasões Francesas, Sortelha e todo a zona envolvente foi um dos alvos das tropas invasoras. Aliás, é bem conhecida a vitória do exército luso-inglês na famosa Batalha do Gravato, no Sabugal, a 3 de Abril de 1811. Certo é que os ingleses, depois da retirada dos franceses, ficaram por cá nomeadamente para reorganizar o exército luso, sob o comando dos generais Wellington e Beresford. E essa presença terá acontecido, também, na então capitania de ordenanças de Sortelha. O que poderá de algum modo estar na base deste facto acontecido no Casteleiro, em 1811 ou 1812.




Luís, filho do casteleirense José Martins da Costa e Maria da Costa do Vale de Lobo, nasceu em 1801. Setenta e um anos depois, a 3 de fevereiro de 1872, ficamos a saber por intermédio de um seu primo, Luís Martins Fortuna, que solicitou que o assento de baptismo fosse reescrito, que o Luís tinha sido raptado a seus pais por um oficial inglês, teria então dez ou onze anos de idade.

O porquê deste rapto, em que condições, o que lhe aconteceu, nunca o vamos saber. Quem serão os descendentes da família do Luís? Também dificilmente o saberemos. O que sabemos é que nunca mais se soube dele já que o assento é escrito setenta e um anos depois do seu nascimento.
E sabemos outra coisa. É que tantas décadas depois o casteleirense Luís não foi esquecido pelos seus, que fizeram questão de deixar para memória futura prova da sua existência e do que lhe aconteceu.
E esse foi um objectivo conseguido. Passados 217 anos estamos aqui a falar do Luís.

“Luís, filho legítimo de José Martins da Costa natural desta freguesia de Casteleiro concelho extinto de Sortelha e Belmonte, hoje do Sabugal Diocese da Guarda e de Maria da Costa ou Pires Reina, natural do Vale de Lobo concelho de Penamacor da dita Diocese , neto paterno de José Martins  Osório e de Violante da Costa , ignora-se o nome dos avós maternos por não serem desta freguesia. Nasceu no ano de mil oitocentos e um , foi solenemente baptizado pelo Reverendo José dos Santos e foi seu padrinho seu tio paterno  Manuel Martins da Costa o que tudo me foi certificado pelas testemunhas Luís Martins Fortuna primo do baptizado, de idade de setenta anos e Joaquim Gomes Rodrigues da idade de setenta e quatro anos. Em vista do alvará de autorização que me foi apresentado por Sua Exª reverendíssima o Bispo desta Diocese, Manuel Martins Manso, o qual alvará fica no arquivo desta paróquia, lavrei este assento que assino, Casteleiro 3 de fevereiro de 1872- o Vigário Joaquim Lopes Almeida. Declaro em tempo que as sobreditas testemunhas me confessaram que o baptizado foi raptado a seus pais por um Oficial Inglês em mil oitocentos e onze ou doze. Era ut supra.”






"Reduto", crónica de António José Marques




Assento de Baptismo disponibilizado por http://www.genregis.com/

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