12/08/2014

Festa de Santo António - Polémica em torno da Procissão


Não vai longe o tempo em que, com muita antecedência, os santos que fazem parte do património religioso do Casteleiro, eram cuidadosamente preparados de modo a acompanhar Santo António durante a procissão no seu dia de festa, sinal de reconhecimento e ação de graças de todos os paroquianos. Sim, digo cuidadosamente, porque se é dia festa, então é para todos! Foi assim que o povo sempre entendeu. Para além de bem lavadinhos, exibiam as suas vestes festivas, algumas delas feitas de propósito para esse dia.
Da festa constava a procissão com o tradicional cortejo de oferendas. Composto por produtos da terra ou animais ali criados era, também, um momento alto da festa de Santo António que, uma vez terminada a procissão e, num palco improvisado, junto à torre da igreja tinha lugar, de imediato, a tradicional “arrematação de ofertas”. Pequenos e graúdos só arredavam dali para o almoço, depois de verem arrematada a última oferta!
Vem isto a (des)propósito do mau estar vivido ontem – dia de festa na aldeia – motivado por uma postura algo anormal do atual pároco – ministro de Deus – que há cerca de um ano o senhor bispo da Guarda ali colocara.
Vamos por partes:

a) O povo do Casteleiro já deu provas, ao longo da sua história, de ser ordeiro, respeitador dos valores da igreja, bem como dos seus pastores, para ali designados. A prová-lo estão os três últimos párocos: dois deles estiveram várias décadas à frente da paróquia e o último, até este resignar, depois de meia dúzia de anos ao serviço desta comunidade;

b) A festa em honra de Santo António, para além de chamar à terra todos aqueles que procuram lá fora melhores condições de vida, representa um ponto alto de agradecimento e ação de graças pelo bom ano agrícola ou pela proteção dos animais, forte contributo nas economias familiares;

c) Pelo respeito que os santos lhes merecem, o povo soube sempre organizar-se de modo a que neste dia de festa de Santo António, todos pudessem participar na tradicional procissão e aí serem venerados, cumprindo assim as promessas feitas ao longo do ano;

d) Contrariar estes princípios é estar contra a vontade e fé das pessoas;

e) Contrariar estes princípios é uma forma estranha de exercer o magistério.

Não me parece correta esta forma de interagir com este povo, maioritariamente envelhecido, mas com uma forte vontade de continuar a festejar com os santos da sua devoção.
Será que o atual pároco, empedernido da sua juventude, tem dificuldade em perceber que, nunca conseguirá fazer bem o seu trabalho senão perceber o seu povo e, com ele, traçar o melhor caminho?
Como poderá o pastor “conduzir” o seu rebanho de uma forma calma e serena, se o cajado que transporta em vez de lhe servir de suporte e amparo, serve, para exercer a sua força, mesmo perante aquelas ovelhas com grandes dificuldades em percorrer o caminho, do bardo até à pastagem?
Deixaria apenas uma afirmação, indispensável ao exercício de qualquer profissão: Só o homem tem a capacidade de fazer, errar, refletir e melhorar!

Reconhecer o erro é uma virtude; é um ato de sensatez!






"A Minha Rua", Joaquim Luís Gouveia





1 comentário :

  1. E a paz vai voltar !
    Soube que em Malcata a situação é mais ou menos parecida e após um diálogo com o Bispo e tudo está bem, ou seja, fica como estava.

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