24/05/2013

Sinais de um Tempo


 
Para trás ficaram já muitos anos!
Sinais de um tempo passado, fortemente marcado pela miséria de um povo que procurava subtrair à terra o sustento para os filhos que viu nascer.
Memórias que jamais esquecerão e que se encontram bem guardadas nas pessoas mais idosas do Casteleiro.
O balcão, de granito, tão duro como as rudes mãos que o moldaram é sinónimo de um número incalculável de pés que, persistentemente, o pisaram ao ponto de se ir moldando de acordo com o peso dos corpos cansados, dia após dia, no final de cada jorna.
Por fim, a casa. Quão pequena! O primeiro andar acolhia a família e, neste caso, também local de trabalho. Quem pretendesse aprender a arte de bem costurar tinha que passar por aqui, apesar das minúsculas divisões que a arquitetavam. A loja, no rés-do-chão, era sempre a mais-valia de qualquer casa: para guardar utensílios agrícolas, alimentos arrancados do campo durante os dias tórridos de um verão quente, que serviriam para alimentar o inverno que, por vezes, era demasiado longo.
Ao percorrermos as ruas da nossa terra, passo a passo, por entre o silêncio das casas vazias e, algumas delas desmoronadas, encontramos memórias de tempo que povoava cada espaço urbano mas também toda a ruralidade dos seus campos adjacentes.
É aqui que podemos encontrar pedaços da nossa história que, conjugados um a um, alicerçam o nosso conhecimento de modo a melhor conhecermos esta terra que é nossa.
 
"A Minha Rua", Joaquim Luís Gouveia
 
 
 

3 comentários :

  1. Texto bonito este.

    Não só com conhecimento do que foram as nossas terras e a sua história, mas recheado de sensibilidade que fala sempre muito comigo.
    Gostei muito.
    Penso que reconheci a velha casa.
    Subi aqueles degraus muitas vezes.
    Os meus vestidos eram todos feitos lá.
    Estou certa?
    Obrigada por este mimo.
    Abraço.
    Venham mais de igual teor.

    Dulce Martins

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  2. Tens razão Joaquim Luís, ao olhar para essa casas tão vazias e tão degradadas, lemos nelas um pedaço da história do nosso Casteleiro, tão semelhante a outras terras nossas vizinhas, e não só, que se encontram na mesma situação. É com muita nostalgia que estamos a assistir a toda a esta desertificação humana(e com ela a destruição) das nossas aldeias...Eu ainda quero ter algumas esperanças de que nós não as vamos deixar morrer...há sinais que nos entusiasmam, recordo por exemplo a festa da caça, as ruas encheram-se de pessoas, houve alarido, gargalhadas, convívio...é pouco? Não é muito...assim nós o queiramos...temos que colaboar e dignificar estes acontecimentos...Assim os filhos da terra o queiram...
    AGil

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  3. A propósito deste assunto e do tema da reabilitação urbana no Casteleiro, pode interessar ao leitor passar uma vista de olhos neste artigo do «Capeia Arraiana»:

    http://capeiaarraiana.pt/2013/06/03/casteleiro-a-renovacao-do-edificado/

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