20/11/2011

César Cruz

Seis anos após a sua chegada, o Casteleiro homenageou o Padre César Cruz. Aqui fica parte das palavras que então tive oportunidade de lhe dirigir.

Em “Diário de um Mago” o peregrino, como forma de punição, parte pelos caminhos de Santiago para recuperar a espada e o grau máximo que lhe tinham sido retirados pelo Mestre.
O seu guia Petrus ensina-lhe vários exercícios e aqui, hoje, apenas gostaria de referir um: O BOM COMBATE. Ou seja, a redescoberta da batalha diária da vida travada em nome dos nossos sonhos. E a lição de que não podemos matar os nossos sonhos por termos medo de combater.
E eu sei que esse é um combate que ganhas todos os dias. Nas tuas palavras: saboreando o vento, sentindo o invisível, olhando o infinito.
Disseste um dia que “Há ovelhas que me acompanham e outras nem tanto”.
Mas, se isso é verdade, é isso importante?
Como o Padre António Vieira bem referiu: “ A cegueira que cega cerrando os olhos, não é a maior cegueira; a que cega deixando os olhos abertos, essa é a mais cega de todas”
As ovelhas seguem o seu caminho em alheamento dos cegos que vendo o demais, só a sua cegueira não vêem.
O meu sentimento, resultante de 6 anos da tua presença nesta aldeia, nesta margem da ribeira de Casteleiro, é de conforto e gratidão. E será, nos tempos futuros, aquele porto de abrigo e de reencontro com a verdade, apesar desta não ser a margem do rio piedra mas, ainda assim, ser uma margem onde todos se podem sentar, chorar e viver.
Quero acreditar que nestas ruas de Casteleiro, encontras a cada passo mais o Deus das Pequenas do que das Grandes Coisas e que cada reflexão gera sentimentos, como no romance, com limites que as pessoas vulgares não estão dispostas a assumir.
O mais importante é, afinal, que hoje este encontro acontece para, no que me diz respeito, celebrar a tua presença e dizer que alguns dos caminhos que trilhamos e que sei movem o mundo: Eros, Philos e Ágape, merecem o teu respeito.
E sei que olhas com olhar atento as ovelhas, no redil ou longe dele.
Por vezes, quando sentimos o absurdo sentido da realidade, algo parece vacilar. E, mais uma vez, atrevo-me a citar o autor das margens do Rio Piedra para dizer que :
“A melhor maneira de servir a Deus é indo ao encontro de seus próprios sonhos. Só quem é feliz pode espalhar felicidade.”
Bem Hajas por estar entre nós.





"Reduto", espaço de crónica semanal de autoria de António Marques

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