04/04/2010

Páscoa “peseach”

A Páscoa é um dos mais importantes marcos históricos para os cristãos. Comemora a Ressurreição de Jesus Cristo, ao terceiro dia da sua morte, o que ocorreu na era cristã 30 ou 33 anos. A palavra Páscoa tem origem no hebraico “Peseach” o que significa passagem, transição.

Ao falar de Páscoa, vem-me à mente a minha infância. Era uma azáfama na limpeza e embelezamento das casas e das ruas do Casteleiro. A casa, porque tinha passado o Inverno, as lareiras deitavam fumo que se entranhava em todos os cantos, por isso exigiam uma limpeza profunda. Além disso recebíamos o sacerdote da aldeia na visita pascal, e era de bom-tom que tudo estivesse impecável. A minha rua era enfeitada pela ti Jusvina e pelos mais jovens, o que nos dava muita alegria. Fazíamos arcos de ramos de palmeira, cortados na quinta da D. Maria do Céu, assim como tapetes de rosmaninho e flores, para passar a procissão. Era a altura em que as flores começavam a despontar nos campos, em que as crianças corriam com uma alegria efusiva à procura das flores designadas por campainhas, jasmim e camélias entre outras. Quando da visita pascal, as pequenas flores de jasmim, que exalavam um perfume delicioso, eram colocadas num prato para cobrirem as moedas, que então eram recolhidas pelo sacristão quando da visita pascal.
Entre os miúdos, quem tivesse mais flores repartia com os outros. Não me esquece a pequena Maria Lt. que não pronunciava os “q e c” substituía-os por “t”. Gritava ela para nós, os outros miúdos “tem ter fitas e tampainhas”. Nós, malandrinhos, respondíamos para a imitar, com a mesma troca de letras “tero eu, tero eu” e riamos e corríamos com grande alarido.
De Lisboa os amigos dos pais, sobretudo o Manuel Figueiredo, presenteava-nos a mim e à minha irmã com amêndoas de açúcar, algumas de formas estranhas, entre as quais em forma de bebé, recheadas de licor, o que era uma raridade para a época, apesar de no século XVIII os confeiteiros franceses já confeccionarem ovos de chocolate.
Mais tarde, adolescente, pintava com tintas bem garridas e desenhos vistosos os ovos, depois de cozidos, para enfeitar a mesa de Páscoa. Os ovos que pintava, não eram os ovos do rei Eduardo I banhados a ouro e decorados com pedras preciosas, mas mesmo assim, davam-me muita satisfação. Simbolizavam o início da vida, associada à Primavera.

Que o Círio da Páscoa, vela que se acende no Sábado de Aleluia e simboliza a luz dos povos, nos ajude a reencontrar os melhores caminhos para a nossa terra, com a nossa junta de freguesia e colaboração de todos. São estes os nossos votos.


Texto de autoria de Mariazinha Guerra

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