21/01/2010

Casteleiro: terra de volfrâmio

A «Memória» exige agora que lhes fale de volfrâmio.
Minério na nossa terra? Sim: há 70 anos, a coisa era bastante séria por aqui…
E será que ainda hoje existe? Bom, a primeira coisa a dizer é que sempre houve e ainda deve haver. Só que os dois metais em causa, estanho e tungsténio (volfrâmio), foram muito procurados pelas grandes potências nos anos da Guerra 39-45 – e hoje não têm qualquer valor, aos níveis em que existem e poderiam ser apanhados na nossa zona: não é rentável…
Mas acrescento que o tungsténio é raro no Mundo e que Portugal é dos países onde ele existe.

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Não sei se todos os leitores estão conscientes de que o Casteleiro desempenhou à sua dimensão um papel interessante na recolha de dois metais importantes no fabrico de armamento na II Guerra Mundial: estanho e, sobretudo, volfrâmio.
Volfrâmio é o nome popular para o tungsténio.
O estanho, além de anti-corrosivo, é usado no fabrico do bronze – que recobre armas expostas às intempéries (as da Marinha e as da beira-mar, por exemplo).
O volfrâmio é muito duro e era usado no fabrico de balas e de canhões.

2
Talvez também não saibam que muitas pessoas (algumas ainda vivas) ganharam muito dinheiro nessa altura a recolher estes metais nas serranias e nas linhas de água a toda a volta da nossa terra.
Já ouvi mesmo dizer que até ouro se encontrou – mas em muito pequenas quantidades.
Depois de recolhido pelos «mineiros», o metal era vendido a intermediários que o vendiam a italianos e a ingleses.
De seguida, ia ser devidamente tratado e separado em pequenas unidades industriais que existiam aqui na região para depois seguir para o seu destino: as grandes fábricas de armamento existentes na Inglaterra e na Alemanha (o metal comprado pelos italianos era para aí encaminhado, visto que estes eram aliados dos alemães nessa guerra).

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Num próximo artigo, falarei dos locais e do modelo de exploração destes dois metais no Casteleiro, da sua separação e venda e das consequências nos anos finais e seguintes da II Guerra Mundial (1939-1945).
E talvez lhes fale do dia em que uns tipos do Vale de Lobo perderam a cabeça com tanto dinheiro vivo no bolso feito com o dinheiro do volfrâmio…





"Memória", espaço de opinião de autoria de José Carlos Mendes

1 comentário :

  1. Boa tarde.
    Afinal o nosso casteleiro esconde "tesouros"....
    Não sabia que ainda poderia existir volfrâmio na nossa terra!!!
    È pena não ser rentável....
    Vou ficar á espera do próximo artigo para ficar a conhecer as zonas de exploração...
    Bia

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